IPCA é referência para controle da inflação no Brasil desde 1980

fevereiro 23, 2020

Desde 1980 o IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo é a referência oficial de cálculo da inflação no Brasil. Esse índice é determinado e divulgado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

O IPCA está associado ao custo de vida para famílias de trabalhadores com renda até 40 salários mínimos. A importância do IPCA é devido a sua utilização para definição das metas de inflação a serem perseguidas pelo Banco Central na execução da política monetária.

Itens que compõem o IPCA

O IPCA leva em consideração o custo da cesta de produtos e serviços essenciais nas principais regiões metropolitanas do Brasil.

Dessa forma, o IBGE levanta o custo de diversos itens relativos aos seguintes grupos:

  • Alimentação e Bebidas
  • Habitação
  • Artigos de Residência
  • Vestuário
  • Transportes
  • Saúde e Cuidados Pessoais
  • Despesas Pessoais
  • Educação
  • Comunicação

O IBGE calcula o IPCA a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 2017-2018, na qual avalia o peso de cada gasto dentro do orçamento das famílias brasileiras.

O primeiro índice IPCA divulgado referenciou preços da cesta de itens praticados no mercado em dezembro de 1979. Desde aquela época, a metodologia de coleta de preços passou por diversas modificações, com exclusão e inclusão de itens.

Para se ter ideia da complexidade do levantamento, o IBGE coleta preços de 390 mil itens em 30 mil estabelecimentos comerciais e de serviços. Assista ao vídeo abaixo (IBGE, 2020) para entender melhor a sistemática de levantamento e cálculo do IPCA.

Cidades que participam da coleta de dados

O IPCA leva em consideração o custo de produtos e serviços essenciais nas principais regiões metropolitanas do Brasil. Contudo, devido às diferenças da distribuição da população urbana e da renda familiar nas grandes metrópoles, o IBGE aplica ponderação aos preços coletados.

Atualmente, a participação ou peso no cálculo dos custos dos grupos de itens cada região metropolitana no cálculo do indicador é a seguinte:

  • São Paulo (24,24%)
  • Belo Horizonte (10,6%)
  • Rio de Janeiro (9,51%)
  • Salvador (8,75%)
  • Porto Alegre (7,38%)
  • Curitiba (7,29%)
  • Belém (6,44%)
  • Recife (5,88%)
  • Fortaleza (5,42%)
  • Goiânia (4,15%)
  • São Luís (3,11%)
  • Brasília (1,88%)
  • Vitória (1,83%)
  • Campo Grande (1,64%)
  • Aracaju (1,29%)
  • Rio Branco (0,59%)

Dessa forma, os preços gerais de produtos e serviços coletados em São Paulo impactam em aproximadamente 25% o cálculo do IPCA. Por exemplo, Brasília, a capital federal, influencia somente 1,88% os resultados obtidos para o cálculo mensal do IPCA.

Outros tipos de IPCA

O IBGE também elabora e divulga o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), cujas metodologias são essencialmente análogas ao IPCA.

O IPCA-15 está associado à prévia da inflação mensal. A única diferença em relação ao IPCA é o período de coleta, o qual se inicia a partir da metade do mês, do dia 16 ao dia 15 do mês seguinte.

O IPCA-E é divulgado ao final de cada trimestre, sendo formado por resultados acumulados do IPCA-15 de cada mês. Desse modo, o IPCA-E é o acumulado trimestral do IPCA-15. A apuração do IPCA-E iniciou em 1991 e seu objetivo é estabelecer o balanço trimestral da inflação.

INPC abrange famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INCC permite avaliar a variação do custo de vida para famílias cuja renda de 1 (um) a 5 (cinco) salários mínimos. O IPCA reflete o custo de vida para a população com mais baixo rendimento, considerando 50% das famílias cuja pessoa de referência é assalariada e pertencente às áreas urbanas.

Os grupos de itens utilizados para coleta de preços são as mesmas categorias ou grupos adotados pelo IPCA. O INPC abrange a coleta de preços em 13 regiões metropolitanas: Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba e Vitória, Brasília, Goiânia e Campo Grande.

O INCC é utilizado como referência para cálculo de reajustes salariais em acordos coletivos e não faz parte da meta de inflação da política monetária.

O IBGE é o órgão responsável pela elaboração e divulgação do INCC desde setembro de 1979, sendo anterior ao IPCA.

Assista ao vídeo abaixo (IBGE, 2015) no qual são explicadas as diferenças entre o IPCA e o INPC:

Considerações finais

Todos os países desenvolvidos possuem índices oficiais para avaliação e monitoramento da inflação, pois a variação acentuada dos preços compromete o poder de compra das famílias.

Surgidos na Europa a 100 anos, visando à concessão de reajustes salariais de trabalhadores, os índices de inflação são percebidos como indispensáveis à Economia moderna.

No Brasil, os índices IPCA e INPC permitem o monitoramento sistemático, respectivamente, da inflação e da variação do custo de vida para as famílias brasileiras com menor renda.

Desde 1980 esses indicadores são produzidos pelo IBGE, sendo estratégicos para o desenvolvimento de políticas de desenvolvimento econômico e social no Brasil.

As bases de dados do IPCA e INPC são fundamentais para o planejamento e decisões adequadas pelos órgãos econômicos dos governos brasileiros.

Abaixo, o gráfico comparativo mostra a paridade dos índices IPCA e INPC no período dezembro de 1995 a dezembro de 2019.

GEDAF - Gráfico comparativo IPCA e INPC (1995-2019)

GEDAF – Gráfico comparativo IPCA e INPC (1995-2019)

Os índices podem ser acessados diretamente no site do IBGE, na página Preços e Custos das estatísticas econômicas.


Fonte:

IBGE. IPCA 40 anos. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/lentes-doc.html/26571-40-anos-ipca-inpc.html>. Acesso em 23 fev. 2020.

Finlândia investe em educação financeira para combater endividamento

fevereiro 16, 2020

 

Finlândia investe em educação financeira para combater endividamento crescente da população. Filandeses endividados alcançam 7% no país.

Número de finlandeses endividados aumentou 30% entre 2000 e 2019, passando de 295 mil a 380 mil – ver gráfico abaixo.

Gráfico Endividamento Finlandeses (2000-2019)

Gráfico Endividamento Finlandeses (2000-2019)

Em 2019, o grupo de finlandeses que não conseguiram pagar suas contas representa 7% dos 5,5 milhões de habitantes da Finlândia. A dívida total das famílias finlandesas dobrou nas últimas duas décadas (2010-2019). Diante desse cenário, autoridades finlandesas preparam plano nacional de educação financeira para reduzir o endividamento da população.

A Finlândia está entre os países mais desenvolvidos do mundo, destacando-se por seu modelo bem sucedido de educação gratuita e universal, elevada renda per capita, políticas de igualdade social, longevidade. O país é referência em empreendedorismo, com empresas inovadoras de alta tecnologia – Nokia, Rovio (produtora do videogame Angry Birds), Sulake, Valtra, entre outras.

A Finlândia é considerada a nação com pessoas mais felizes do mundo, segundo o Relatório Anual da Felicidade das Nações Unidas, publicado em 2018.

"<yoastmark

Mudança dos hábitos de consumo

As autoridades da Finlândia acreditam que essa situação de endividamento crescente da população é resultado da combinação da facilidade acesso ao crédito direto ao consumidor, associada a queda das taxas de juros e a substituição gradual do dinheiro por meios eletrônicos de pagamento.

As autoridades monetárias da Finlândia avaliam que a disposição de aceitar pagamentos digitais em substituição ao dinheiro desestimulou a disciplina nos hábitos de consumo da população.

Há vinte anos, o dinheiro era usado em 70% das transações de pagamento em estabelecimentos comerciais da Finlândia, com os cartões respondendo pelo restante. Agora, essas métricas mudaram: cartão, celular e outros meios de pagamento digitais são usados em mais de 80% das transações realizadas em 2018, conforme levantamento do Banco Central da Finlândia.

Os consumidores não têm mais as limitações do orçamento físico como costumavam fazer. Isso favoreceu o endividamento e dificultou o gerenciamento das finanças.

Estratégia nacional de combate ao endividamento

O governo da Finlândia investe em educação financeira a partir de ações coordenadas para impactar o sistema financeiro do país.

O Banco Central da Finlândia vai adotar medidas para reduzir o endividamento dos cidadãos. Inicialmente, a instituição vai compilar dados e analisar as melhores práticas de organizações que já trabalham com educação financeira.

O objetivo é ampliar o conhecimento e garantir que todos os grupos da sociedade recebam orientações adequadas. Por exemplo, há muitas pessoas mais velhas que precisam de ajuda para utilizar os serviços financeiros cada vez mais digitais.

Após a análise das informações, o Banco Central da Finlândia estabelecerá metas para alfabetização financeira e selecionará fornecedores terceirizados para coordenar a implementação do plano nacional a ser elaborado. A previsão das autoridades finlandesas é terminar o levantamento dos dados e apresentar o plano até o final de 2020.

Outras medidas

As regras finlandesas limitam os empréstimos à habitação a 85% do preço de compra da propriedade, e há outras restrições adicionais em análise por parte do Ministério das Finanças.

Até 2023, o governo pretende implementar seu modelo de Cadastro Positivo, com registros dos empréstimos de todos os consumidores finlandeses, visando auxiliar aos credores a avaliar se concedem novos empréstimos. As regras sobre concessão de crédito ao consumidor foram aperfeiçoadas no outono passado.

Fiel ao estilo, os finlandeses estão explorando soluções de alta tecnologia para educar os cidadãos sobre como usar seu dinheiro. Novas ferramentas baseadas em algoritmos de Inteligência Artificial ajudarão a prever o comportamento financeiro das pessoas e a fazer previsões de fluxo de caixa, além de aconselhar os consumidores sobre seus gastos.

As autoridades finlandesas estão preocupadas com o “custo humano da dívida” o qual, em casos extremos, poderá resultar no afastamento das pessoas do mercado de trabalho. Por um lado, os empregadores evitam contratar trabalhadores com histórico de crédito ruim. Por outro lado, pessoas com dívidas muito altas tendem a ter pouco estímulo em procurar trabalho.

No parlamento da Finlândia há amplo consenso de que é fundamental manter os consumidores bem informados sobre os perigos da dívida. A iniciativa das autoridades finlandesas também recebeu o apoio das empresas do setor financeiro.


Fontes:

Bloomberg. World’s Happiest People Seek Road to Financial Literacy (As pessoas mais felizes do mundo buscam o caminho da educação financeira), publicado por Kati Pohjanpalo, 9 fev. 2020.

Finlândia, Ministério das Relações Exteriores da. This is Finland (Esta é a Finlândia), 2020.

Inscreva seu artigo no Seminário 2020 de Metas para a Inflação

janeiro 28, 2020

Increva seu artigo no Seminário 2020 de Metas para a Inflação promovido pelo Banco Central (BC). O prazo de envio é até 16 de março de 2020 e os autores selecionados terão despesas custeadas pelo órgão.

O Seminário de Metas para a Inflação é tradicional, sendo esta a 22º edição anual. O evento ocorrerá entre 20 e 22 de maio, na sede do BC no Rio de Janeiro.

O público-alvo é constituído por representantes de bancos centrais e de instituições multilaterais, acadêmicos e especialistas do setor privado.

Os assuntos abordados envolvem pesquisas nas áreas de macroeconomia monetária, políticas econômicas (monetária, macroprudencial e fiscal) e sistema de metas para a inflação.

Regras para envio dos artigos

  • Estudo completo em formato PDF;
  • Redigido em português ou em inglês;
  • Conter, na capa, dados da filiação institucional, e-mail do autor e/ou do coautor; e
  • Submetido por meio da Conference Maker, até 16 de março de 2020, clique aqui para acessar.

Importante: não há cobrança de taxa de submissão dos artigos.

Custeio de despesas dos autores selecionados

O BC irá custear passagens aéreas, hospedagem (até três noites em hotel definido pela organização do evento) e deslocamentos até o seminário para os autores de cada artigo selecionado.

Outras informações

Para mais informações, clique aqui ou envie e-mail para [email protected].


Fonte: Banco Central do Brasil, acesso em 28 jan. 2020

Pesquisa comprova que menos de 1% dos day-traders persistentes obteve lucros

janeiro 25, 2020

Pesquisa revelou que a probabilidade de obter lucros em sucessivas operações day-trading (negócios diários com ativos financeiros) é extremamente baixa. Analisando os resultados de 20 mil operadores day-traders brasileiros persistentes, menos de 1% deles obteve lucro médio diário em mais de 250 pregões realizados entre 2012 e 2017.

Day-traders são operadores ou investidores que, diariamente, compram e vendem os mesmos ativos financeiros, em igual quantidade. Seu objetivo é obter ganhos imediatos e cumulativos nessas operações de curtíssimo prazo, sujeitas à grande volatilidade do mercado de capitais e riscos.

A pesquisa foi encomendada pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM, órgão regulador e fiscalizador do mercado de capitais. Os resultados foram divulgados em março de 2019 no artigo “É possível viver de day-trading?”, elaborado por Fernando Chague e Bruno Giovannetti, professores da Fundação Getúlio Vargas – FGV de São Paulo.

Nos últimos cinco anos houve aumento expressivo do número de pessoas físicas que realizam o day-trading como principal atividade profissional no Brasil. No entanto, faltam informações públicas confiáveis sobre o retorno para aqueles que entram nesse mercado.

Metodologia e resultados

Para superar essa limitação, os pesquisadores acessaram as informações no banco de dados disponibilizado pela CVM sobre as atividades completas entre 2012 e 2017 para todos day-traders qualificados como pessoas físicas.

A análise dos dados se concentrou nos contratos de mini índice e mini dólar, o principal tipo de operação day-trading realizada no Brasil por pessoas físicas.

Os pesquisadores notaram “[…] fortes evidências de que não faz sentido, ao menos econômico, tentar viver de day-trading“. Para comprovar essa hipótese, eles analisaram o desempenho de 19.696 operadores que começaram a fazer day-trade em mini índice de 2013 a 2015, separando-os em dois grupos:

  • Grupo 1: Desistentes (92,1%): a maioria, 18.138 pessoas que desistiram gradualmente de operar, negociando em até 300 pregões.
  • Grupo 2: Persistentes (7,9%): 1.558 pessoas que negociaram em mais de 300 pregões, aquelas que de fato vivem de day-trading.

Entre os day-traders persistentes, 1.415 pessoas (91% do grupo 2) sofreram prejuízo, enquanto 143 pessoas (9% do grupo 2) obtiveram lucro em mais de 300 pregões. Apenas 13 (treze) pessoas, menos de 1% dos persistentes, conseguiram lucro médio diário superior a R$ 300,00 (trezentos reais).

Esse lucro diário equivale à remuneração mensal de R$ 6.000,00 (seis mil reais), considerando 20 dias úteis com pregões na bolsa. Desse modo, na amostra com quase 20 mil pessoas, apenas 13 day-traders conseguiram obter o equivalente à renda mensal superior a R$ 6 mil durante mais de 15 meses (300 pregões divididos por 20 pregões/mês).

Probabilidade de 0,08% para renda superior a R$ 300,00 ao dia

Os pesquisadores também testaram se haveria mudanças no grupo de persistentes nas operações day-trading, caso o número mínimo de pregões fosse reduzido de 300 para 250. Mesmo assim, os resultados não variaram significativamente.

Aplicando esse critério aos 1.558 day-traders persistentes, constatou-se que 1.367 pessoas tiveram prejuízo (88% do grupo), enquanto 191 operadores conseguiram lucro (12% do grupo). Na verificação do lucro médio diário superior a R$ 300,00 (trezentos reais), apenas 15 pessoas teriam conseguido esse resultado (menos de 1% dos persistentes).

Assim, os day-traders que encerraram suas posições com saldo positivo representam 0,97% (menos de 1,00%) do conjunto total de operadores analisados (191 dividido por 19.696).

Os pesquisadores estabeleceram, então, que a probabilidade de alguém começar a fazer day-trade e conseguir, após o período de aprendizado, renda média diária maior do que R$ 300,00, é igual a 0,08% (15 dividido por 19.696). Isso equivale a 8 pessoas em cada dez mil operadores, sendo extremamente desfavorável nessa atividade.

No estudo, foram desconsiderados eventuais custos de corretagem, cursos de aperfeiçoamento e de tecnologia (plataformas e aplicativos).

Desempenho do day-trader tende a piorar

Chague e Giovannetti (2019) também alertaram que o desempenho dos day-traders tende a piorar à medida que persegue ganhos cumulativos no mercado.

Essa última evidência contraria a posição de muitos especialistas das corretoras de valores ao defenderem que “day-traders melhorariam com a experiência” e, portanto, deveriam persistir na atividade.

A pesquisa divulgada demonstrou que a probabilidade de operadores obterem ganhos no day-trading é extremamente baixa. Apenas a ínfima fração de 0,08% dos profissionais que atuam nessa atividade conseguiria alcançar e manter ganhos equivalentes à renda mensal de R$ 6 mil.

Os riscos de perdas financeiras e de retornos insuficientes proporcionados no day-trading não deveriam ser negligenciados pelas corretoras e a CVM.

Essa reflexão mostra a necessidade de maior conscientização e melhoria da educação financeira frente ao crescente número de pessoas que se dedicam profissionalmente ao day-trading no Brasil.


Fonte: Editorial GEDAF, baseado na referência citada.

CHAGUE, Ferando; GIOVANENETTI, Bruno. É possível viver de day-trading? São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 2019. Disponível em: <https://cointimes.com.br/wp-content/uploads/2019/03/Viver-de-day-trading.pdf>. Acesso em 25 jan. 2020.

Pesquisa do Ipea revela que automação pode eliminar 57% dos empregos formais no Brasil

dezembro 22, 2019

O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – Ipea divulgou estudo sobre os impactos das tecnologias de automação na redução de tarefas realizadas por humanos e eliminação de empregos formais no Brasil nos próximos cinco anos.

As novas tecnologias digitais – inteligência artificial, computação em nuvem e a internet das coisas – vão alterar profundamente a produção, a distribuição e a comercialização de produtos e serviços. Essa revolução trará novas oportunidades de negócios, emprego e renda. Contudo, há o risco de eliminação ou transformação de muitos postos de trabalho.

O estudo “Propensão à automação das tarefas ocupacionais no Brasil” foi elaborado por Luis Claudio Kubota e Aguinaldo Nogueira Maciente, técnicos de planejamento e pesquisa do Ipea. O artigo correspondente foi publicado na edição nº 61 do boletim Radar – Tecnologia, Produção e Comércio Exterior.

Os autores consideraram tecnologias já consolidadas e passíveis de implantação do ponto de vista regulatório no prazo de cinco anos. No longo prazo, a maioria das tarefas está sujeita à automação.

Metodologia

Os pesquisadores analisaram a base de dados com 19 mil tarefas necessárias à realização de diversas ocupações formais catalogadas na Occupational Information Network (O*NET), desenvolvida sob o patrocínio do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, e na Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério da Economia (ME) do Brasil.

Foi adotada a abordagem inovadora de classificar as ocupações com maior risco de automação conforme a importância (dada pela frequência) e a relevância das tarefas desempenhadas em cada ocupação.

Os pesquisadores utilizaram atributos matemáticos binários 0 ou 1 (variáveis dummy) para avaliar as tarefas relacionadas às diversas ocupações catalogadas.

A tarefa seria classificada automatizável, assumindo valor 1. Essa variável dummy foi multiplicada pela importância (escala de 1 a 5) e pela relevância (escala de 0 a 100) da tarefa, conforme a base de dados O*NET. O resultado gerou o escore variando de 0 a 500 para cada tarefa.

Em seguida, para cada ocupação, a soma dos escores multiplicados pela dummy de automação foi dividida pela soma dos escores sem multiplicação pela dummy. Isso gera valores entre 0 e 1, indicando o percentual das tarefas automatizáveis de cada ocupação, já ponderado pela importância e pela relevância de cada tarefa.

Conclusões

No Brasil, o emprego é ainda dominado por ocupações com percentual alto ou médio-alto de tarefas automatizáveis nos próximos anos (56,6% do emprego civil formal em 2017).

As atividades com empregos mais vulneráveis à automação se concentram na indústria têxtil e de vestuário, na indústria alimentícia, na agropecuária, na indústria da madeira, na fabricação de móveis e na metalurgia.

No setor de serviços, o impacto da automação será maior para atividades de contabilidade, consultoria e auditoria contábil; serviços de limpeza; obras de acabamento; atividades paisagísticas; e armazenamento, carga e descarga.

As ocupações com maior percentual de tarefas classificadas como automatizáveis estão relacionadas à:

  • operação de veículos e máquinas do setor de mineração (operador de shuttle car, destroçador de pedra, operador de equipamentos de preparação de areia);
  • metalurgia (moldador e macheiro, à mão e à máquina);
  • instalações (instalador de materiais isolantes e acústicos, revestidor de interiores);
  • transportes (operador de empilhadeira e caminhão);
  • construção (armador de estrutura de concreto, montador e preparador de estruturas metálicas);
  • indústria madeireira (prensista de aglomerados e compensados); e
  • atividade de embaladores, à mão.

Entre as ocupações classificadas como não automatizáveis, considerando-se aquelas com maior participação no emprego em 2017, destacam-se:

  • dirigentes do serviço público federal;
  • analistas de recursos humanos;
  • coordenadores pedagógicos;
  • professores de ensino superior, especialmente nas áreas de didática, línguas e literatura;
  • gerentes de produção e operações;
  • comerciantes varejistas;
  • advogados;
  • recreadores;
  • supervisores de ensino; e
  • membros superiores do Poder Executivo.

Os pesquisadores do Ipea alertam que o Brasil deve se preparar não apenas para a continuidade da substituição de algumas ocupações já em declínio, mas também para o início do declínio de ocupações que foram importantes para o crescimento do emprego nos últimos quinze anos.

A conjuntura desfavorável e os desafios estruturais impostos pelas novas tecnologias digitais colocam a geração de emprego no centro do atual debate econômico.


Fonte: 61º Boletim Radar Tecnologia, Produção e Comércio Exterior. Brasília: Ipea, 2009. Acesso em 22 dez. 2019. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/radar/191213_radar_61.pdf>.

Senar abre credenciamento para supervisor e técnico de campo

dezembro 10, 2019

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) está credenciando pessoas jurídicas para as funções de supervisor e técnico de campo de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG).

Para atuar na ATeG, o profissional deve ter formação em Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia,Técnico Agrícola, Técnico Agropecuário ou áreas afins, além do domínio técnico na área ou atividade pretendida para atuação.

Ao todo serão 400 vagas para supervisor e 4.000 para técnico de campo. Os interessados devem procurar o Senar do seu respectivo estado.

Perfil e atribuições

O supervisor de campo é o profissional responsável direto pelo acompanhamento dos trabalhos desenvolvidos pelos técnicos de campo, realizando reuniões, treinamentos, visitas de supervisão aos produtores rurais e a validação técnica dos documentos e relatórios das visitas às propriedades rurais.

Já o técnico da ATeG realiza o atendimento aos produtores rurais por meio de visitas às propriedades, onde transmite conhecimentos relacionados à gestão técnica, econômica e ambiental da empresa rural orientando as atividades desenvolvidas nas propriedades.

Metodologia da ATeG

A Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar visa a atender produtores rurais, adotando modelo de gestão e operação continuada, que engloba todos os processos da atividade produtiva na propriedade.

O principal objetivo da ATeG do Senar é promover o incremento de renda e produtividade baseado no diagnóstico, planejamento, adequação tecnológica, capacitação complementar e avaliação de resultados nas propriedades rurais, que recebem visitas periódicas e individuais realizadas pelo técnico com foco na atividade produtiva priorizada pelo produtor.

A ATeG é feita com base no planejamento estratégico construído junto com o produtor e diretamente relacionado ao programa de capacitação profissional que possa gerenciar seu negócio com empreendimento rural de sucesso.

Informações adicionais e contatos regionais

O Senar disponibiliza informações detalhadas sobre a ATeG e a lista de unidades regionais para credenciamento.

Clique aqui para saber mais.


Fonte: Senar, acesso em 10/12/2019.

Aberta a semana de negociação de dívidas com bancos

dezembro 2, 2019

Clientes de diversas instituições financeiras terão oportunidade de renegociar suas dívidas durante a Semana de Negociação e Orientação Financeira, a ser realizada de 2 a 6 de dezembro de 2019 em todo o país.

A campanha foi organizada pelo Banco Central e pela Federação Brasileira de Bancos – Febraban, fazendo parte do pacote de medidas do Acordo de Cooperação Técnica – ACT assinado em 21 de novembro de 2019.

Durante essa campanha parte das agências bancárias de sete instituições financeiras terá o horário estendido até as 20h para negociar dívidas em atraso de seus clientes, em condições especiais, e oferecer educação financeira.

Participam da iniciativa as seguintes instituições financeiras: Banco do Brasil, Banrisul, Bradesco, Banco Pan, Caixa Econômica, Itaú e Santander. Segundo a Febraban, os bancos Votorantim e Safra também participam da iniciativa, mas somente por meio dos canais digitais. A lista completa pode ser acessada no site Papo Reto, da Febraban – Clique Aqui.

A negociação ainda poderá ser feita nas demais agências desses bancos em todo o território nacional, no horário normal de funcionamento, ou nos canais digitais das instituições ou através da plataforma consumidor.gov.br.

O Banco Central esclarece que não haverá limites de valores ou restrição de modalidade de produtos bancários para a renegociação de dívidas.

Orientação Financeira

A Semana de Negociação e Orientação Financeira, além da oportunidade de regularizar a vida financeira, contribui para planejar o futuro.

O cliente que fizer a negociação terá acesso a vídeos educacionais sobre orientação financeira e folhetos com dicas sobre o tema.

A Febraban divulgou vídeo educativo para organizar o orçamento pessoal e preparar os clientes a negociarem o pagamento das suas dívidas em atraso.

https://youtu.be/sj3HDnOi-90

A cartilha (eBook) “Suas Finanças em Dia em 3, 2, 1…” poderá ser baixada gratuitamente no site Papo Reto, da Febraban – Clique Aqui.


Fonte: Banco Central e Febraban,

Cheque especial terá novas regras a partir de 2020

novembro 30, 2019

O Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou em 28 de novembro de 2019 as novas regras para o produto “cheque especial” de forma a torná-lo mais adequado às condições do mercado.

Novas regras do cheque especial

O CMN estabeleceu o limite máximo de 8% ao mês de taxa de juros e a cobrança de tarifa de até 0,25% ao mês para os usuários com limites de crédito acima de R$500,00 (quinhentos reais).

As instituições financeiras poderão cobrar tarifa mensal pela disponibilidade de limite de cheque especial, mas apenas de quem tem limites de crédito superiores a R$500,00. A tarifa será de 0,25% sobre o valor do limite que exceder R$ 500 e deverá ser descontada do valor devido a título de juros de cheque especial no respectivo mês, caso seja utilizado.

Por um lado, considerando os atuais juros médios de aproximadamente 12% ao mês, essa medida trará significativa redução de custo para usuários de baixa renda.

Por exemplo, o cliente que utilizar R$1.000,00 (um mil reais) de limite de cheque especial por 30 dias teria o custo médio atual de R$120,00 (R$ 1.000,00 x 12%). Após as novas regras, esse custo será de até R$80,00 e não haverá pagamento de tarifa. Nos meses em que o usuário não utilizar o cheque especial, pagará tarifa de até R$1,25 (R$500,00 x 0,25%).

Por outro lado, clientes com limites mais altos que não utilizarem o cheque especial serão onerados. Por exemplo, determinado usuário cuja conta bancária possua R$10 mil de limite para o cheque especial, poderá pagar mensalmente até R$25,00 (R$10.000,00 x 0,25%) caso não utilize esse tipo de crédito.

Objetivos e justificativa

A medida do CMN objetiva corrigir distorções no produto cheque especial, buscando reduzir seu custo e regressividade, considerando que essa linha de crédito é mais utilizada por clientes de menor poder aquisitivo e pouca educação financeira. Além disso, pretende racionalizar o uso do cheque especial por clientes.

Os bancos têm cerca de R$350 bilhões disponibilizados para seus clientes como limite de crédito no cheque especial. Desse total, há R$26 bilhões em operações de crédito à taxa média mensal de 12%. No entanto, todo o volume disponibilizado, mesmo quando não utilizado, representa custo de capital para a instituição financeira, sendo repassado para os usuários do produto.

A imposição da tarifa de 0,25% ao mês deve desestimular que os clientes com limites mais elevados não utilizados e, dessa forma, reduzir o custo de capital das instituições financeiras. Atualmente, aproximadamente 19 milhões de usuários de cheque especial têm limite inferior a R$500,00 e, portanto, não pagarão tarifa, sendo limitada a taxas de juros em 8% ao mês.

Estudos feitos pelo Banco Central apontam que o cheque especial é inelástico aos juros, ou seja, há pouca mudança de comportamento dos clientes mesmo quando há aumento na taxa de juros cobrada. Além disso, é usado muitas vezes de forma não alinhada ao caráter emergencial do produto, onerando, principalmente, os clientes de menor poder aquisitivo.

A experiência internacional mostra que a fixação de limites de taxa de juros e a cobrança de tarifas para linhas emergenciais estão presentes na regulamentação em países desenvolvidos e emergentes.

Entrada em vigor

As novas regras entram em vigor em 6 de janeiro de 2020. Para os contratos em vigor, a incidência de tarifa só será permitida a partir de 1 º de junho de 2020, caso não venham a ser repactuados antes, cabendo à instituição financeira comunicar ao cliente a sua incidência com 30 dias de antecedência.

É importante ficar atento ao uso do cheque especial, verificando o limite disponível junto à instituição financeira e a necessidade de eventual ajuste. Aqueles correntistas que não utilizam esse produto ou cujo histórico é de valores pequenos devem revisar o limite junto à instituição financeira, redução proporcional da tarifa mensal de disponibilidade.


Fonte: Banco Central do Brasil, publicado em 28/11/2019.

Matéria revisada e com alterações da Redação do GEDAF.

Governo divulga Custo Brasil e lança programa de melhoria da competitividade

novembro 29, 2019

Ministério da Economia divulgou em 28/11/2019 o Programa de Melhoria Contínua da Competitividade do Governo Federal. Os principais objetivos desse programa são reduzir o custo Brasil e executar nova metodologia de análise e governança para avaliar e dar prioridade a propostas para melhorar o ambiente de negócios e a competitividade brasileira.

As diretrizes do programa estão definidas na portaria nº 12.302/2019, emitida pela Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec) do Ministério da Economia – Clique Aqui.

O governo federal pretende fazer grande transformação da competitividade no Brasil, evidenciando e medindo os componentes de cada deficiência que causam perdas para as empresas brasileiras. O novo processo vai facilitar o diálogo com o setor privado, tornando-o mais objetivo, transparente e detalhado.

“Saberemos qual o impacto, no custo Brasil, de cada medida, proposta ou sugestão apresentada, com as mudanças legais ou infra legais necessárias para que isso seja debatido, medido e priorizado”, detalhou Da Costa, atual titular da Sepec.

Custo Brasil equivale a 22% do PIB nacional

Pela primeira vez, o governo federal conseguiu medir, em parceria com o setor privado, o “custo Brasil” – termo que descreve o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encarecem e comprometem novos investimentos e pioram o ambiente de negócios.

A cada ano, o custo Brasil consome das empresas aproximadamente R$ 1,5 trilhão, correspondendo a 22% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Esse valor foi estimado a partir de diagnóstico conjunto em estudo realizado em parceria do governo federal com o setor privado, durante quatro meses.

A divulgação dos resultados ocorreu na quinta-feira (28/11), em São Paulo, durante lançamento do programa de melhoria de competitividade.

Metodologia e resultados do estudo de competitividade

O estudo analisou os principais entraves à competitividade do setor produtivo brasileiro, a partir do ciclo de vida das empresas. Foram analisados indicadores nas 12 áreas consideradas vitais para a competitividade do setor empresarial.

  1. Abrir um negócio
  2. Financiar o negócio
  3. Empregar capital humano
  4. Dispor da infraestrutura
  5. Acessar insumos básicos
  6. Atuar em ambiente jurídico e regulatório eficaz
  7. Integrar com cadeias produtivas globais
  8. Honrar tributos
  9. Acessar serviços públicos
  10. Reinventar o negócio
  11. Competir e ser desafiado de forma justa
  12. Retomar ou encerrar o negócio

Foi realizada a comparação do custo de se produzir no Brasil em relação à média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), baseada em estudos oficiais sobre produtividade.

O mapeamento realizado estimou o peso relativo para os distintos elementos identificados, avaliando qual seria a sua redução caso o Brasil estivesse atualmente no nível médio da OCDE nas 12 áreas analisadas. A estimativa é abrangente para a economia como um todo e se aproxima bastante do custo real enfrentado pelas empresas brasileiras, destacando alguns resultados:

  • Oferta de capital: países da OCDE dispõem de 63% mais crédito do que o Brasil (fonte: Banco Mundial);
  • Encargos trabalhistas: comparadas com os países da OCDE, as empresas brasileiras gastam 11,4 pontos percentuais a mais dos seus custos totais em encargos trabalhistas (fonte: OCDE);
  • Carga tributária: as empresas da OCDE aportam 38% a menos para pagar impostos do que empresas brasileiras (fonte: Banco Mundial);
  • Complexidade tributária: países da OCDE gastam 89% menos tempo que o Brasil para preparar seus impostos (Fonte: Doing Business/Banco Mundial).

O estudo foi desenvolvido pelo Ministério da Economia em parceria com o Movimento Brasil Competitivo (MBC), e participação de diversas entidades setoriais, considerando as demandas do setor produtivo diante de problemas relacionados ao custo Brasil.

Próximas etapas do programa

Conforme o art. 2º da portaria nº 12.302/2019, estão previstas as seguintes medidas:

  1. Análise e acompanhamento periódico de indicadores de competitividade, produtividade e qualidade do ambiente de negócios por parte da Sepec.
  2. Estabelecimento de canal centralizado de comunicação, a ser disponibilizado no portal do Ministério da Economia, para recepção de proposições de políticas públicas e soluções para a melhoria do ambiente de negócios.
  3. Avaliação periódica das proposições recebidas a partir de critérios definidos pela Sepec relativos ao impacto na redução do Custo Brasil, amplitude de setores da economia afetados, qualidade do desenho das políticas públicas.

O programa prevê executar metodologia de análise, modelo operacional e capacitação de pessoal para a avaliação das proposições de políticas públicas.

O secretário Da Costa destacou que o governo federal pretende “fazer com que o Brasil seja o primeiro país do mundo a ter um processo continuado de melhoria da competitividade”.


Fonte: Ministério da Economia, acesso em 29/11/2019.