Fundo soberano da Noruega exclui Vale e Eletrobrás por impactos ambientais

maio 17, 2020

O fundo soberano da Noruega excluiu da sua carteira os investimentos em 7 (sete) grandes empresas estrangeiras, incluindo as brasileiras Vale e Eletrobrás, devido aos seus impactos ambientais e sociais. A decisão foi oficialmente comunicada pelo Banco Central da Noruega em 13 de maio de 2020.

Lista de empresas excluídas do fundo soberano da Noruega

  1. Canadian Natural Resources (Canadá)
  2. Cenovus Energy (Canadá)
  3. Imperial Oil (Canadá)
  4. Suncor Energy (Canadá)
  5. ElSewedy Electric (Egito)
  6. Vale (Brasil)
  7. Eletrobrás (Brasil)

A exclusão dos investimentos nas empresas canadenses e egípcia foi baseada em parecer técnico que avaliou sua contribuição para o efeito estufa. Essas empresas utilizam combustíveis fósseis carvão mineral e petróleo para geração de energia em plantas termoelétricas. As emissões de gás carbônico (CO2) dessas empresas foram consideradas em níveis inaceitáveis.

Também foram colocadas algumas empresas em observação, considerando as mudanças climáticas e possíveis implicações para os investidores de longo prazo. Caso não adotem medidas para redução ou eliminação do uso de carvão, poderão ser excluídas as empresas BHP, Uniper, Enel e Vistra Energy.

Os gestores noruegueses sinalizaram a exclusão dos investimentos nas empresas Glencore e Anglo American devido a sua produção e uso de carvão. A elétrica alemã RWE, a petroquímica sul-africana Sasol e a holandesa AGL Energy serão excluídas em função do uso intensivo de combustíveis fósseis.

Motivos de cancelamento do investimento nas empresas brasileiras

O Conselho de Ética do fundo norueguês deliberou a retirada dos investimentos após avaliação do risco que as empresas representam para o meio ambiente e os povos indígenas.

O comunicado oficial justificou que a Vale, maior produtor mundial de minério de ferro, deveria ser excluída por “riscos inaceitáveis que ela contribuía” ou ser diretamente responsável por graves danos ambientais.

Em 05 de novembro de 2015 houve o acidente da barragem de rejeitos em Mariana, Minas Gerais, obra pertencente à Samarco – joint venture da Vale e BHP Billiton. Esse acidente resultou na morte de 19 pessoas e causou sérios danos ambientais.

Em 25 de janeiro de 2019 outra barragem de rejeitos da Vale rompeu, em Brumadinho (MG), causando mais de 250 mortes. É também considerado o maior acidente de trabalho da história do Brasil. O Conselho de Ética do fundo ponderou que as investigações desse segundo acidente não encerraram, mas há várias semelhanças entre os dois eventos.

Em relação à Eletrobras, o Conselho de Ética do fundo defendeu a suspensão dos investimentos devido ao projeto da hidrelétrica de Belo Monte, próxima ao município de Altamira, no Pará. As terras indígenas foram afetadas pela área de inundação do barramento, resultando na desestruturação social de grupos indígenas e deslocamento de 20 mil pessoas.

Pesou contra a Eletrobrás a avaliação de que a estatal de energia esteve envolvida em outros projetos hidrelétricos igualmente criticados por violações de direitos humanos.

O valor total da retirada de investimentos nas duas empresas brasileiras é estimado em US$ 427,6 milhões (R$ 2,506 bilhões). Desse montante, foram retirados US$ 375 milhões (R$ 2,198 bilhões) da mineradora Vale e US$ 52,6 milhões (R$ 308 milhões) da estatal de energia Eletrobrás.

Sobre a importância do fundo soberano da Noruega

O fundo soberano da Noruega é o maior do mundo, seus investimentos estão avaliados em US$ 1 trilhão (R$ 5,86 trilhões). Esse fundo gerencia os recursos para pagamento das pensões dos noruegueses. O fundo investe em mais de 9 mil empresas e representa 1,5% dos investimentos no mercado de capitais mundial.

É neste fundo que o governo da Noruega deposita os rendimentos provenientes da exploração petrolífera e demais investimentos em empresas estrangeiras. O responsável pela gestão do fundo é o Norges Bank Investment Management, braço do banco central do país.

O fundo norueguês foi criado em 1996 e suas diretrizes são definidas pelo Parlamento da Noruega. Periodicamente, o fundo exclui da carteira aquelas empresas que não respeitam as diretrizes.

Devido a sua relevância, as deliberações do fundo soberano da Noruega são geralmente seguidas por gestores de fundos e grandes investidores nos demais países.

A decisão do Conselho de Ética do fundo soberano norueguês é coerente com os princípios de responsabilidade social e empresarial que devem nortear a gestão de empresas modernas.


Referências

Forbes. Fundo soberano norueguês veta aporte em Vale e Eletrobras por Brumadinho e Belo Monte. 13 mai. 2020.

Fouche, Gwladys; Solsvik, Terje. Fundo soberano norueguês veta aporte em Vale e Eletrobras por Brumadinho e Belo Monte. Reuters, 13 mai. 2020.

Pires, Breiller. Danos ambientais e violações de direitos humanos excluem Vale e Eletrobras de fundo soberano. El País, 13 mai. 2020.

Acessos em 17 de maio de 2020.

Documentário Planeta dos Humanos critica energia verde e faz alerta ambiental

abril 27, 2020

Michael Moore, cineasta e escritor norte-americano, lançou o documentário “Planeta dos Humanos”. Nesse novo trabalho, Moore desmistifica as “ilusões verdes” apoiadas por grandes corporações e políticos para utilização de turbinas eólicas, energia solar, carros elétricos e biomassa em substituição aos combustíveis fósseis.

O documentário retrata a proliferação de usinas de gás natural e biomassa. Nos EUA e Europa, novas usinas a gás natural, combustível fóssil associado à extração do petróleo, estão sendo construídas ao lado de antigas plantas que processavam o carvão mineral. As usinas de biomassa, por sua vez, geram energia através da queima de madeira triturada. Contudo, o impacto ambiental dessas soluções é muito grande.

As fontes eólica e solar são questionadas quanto a sua eficiência e materiais fabricados com combustíveis fósseis. Geradores eólicos demandam grandes estruturas de aço e concreto instaladas em áreas montanhosas. Painéis de geração solar são produzidos com materiais obtidos na mineração de quartzo e carvão de elevada pureza. Esses sistemas possuem vida útil inferior a 20 anos.

As baterias utilizadas em veículos elétricos e celulares demandam mineração de lítio, cobre, cádmio e outros metais encontrados em terras raras. Diversas áreas de países em desenvolvimento são degradadas pela mineração, expondo trabalhadores e crianças a substâncias químicas perigosas à saúde.

Moore entrevista pesquisadores e cientistas, representantes de movimentos ambientais e pessoas nas cidades dos EUA onde foram instaladas usinas de energia verde. O documentário apresenta muitos dados e animações para entender o aumento exponencial do consumo de energia nas últimas décadas e a evolução das energias verdes.

A civilização humana sempre acreditou no poder da tecnologia para se desenvolver até o próximo degrau da evolução, consumindo cada vez mais recursos que resultam em novos dilemas morais e éticos. Persiste, entretanto, o problema de escala de população versus limitação de recursos naturais para atender as demandas crescentes.

Resumo do filme

  • Título: Planet of the Humans (Planeta dos Humanos)
  • Duração: 1 h 40 min
  • Origem e lançamento: EUA, lançado em 20.04.2020
  • Classificação: documentário sobre economia
  • Produtor: Michael Moore
  • Direção: Jeff Gibbs

O documentário “Planeta dos Humanos” está disponível gratuitamente no canal YouTube, com legendas em inglês ou tradução automática para o português.

https://www.youtube.com/watch?v=VKNTrFKju3g&t=122s


Avaliação do GEDAF (escalas 0 a 10) para o documentário Planeta dos Humanos

  • Roteiro: 9,0
  • Interpretação: 8,0
  • Fotografia (cenário, figurino, direção de arte e fotografia): 8,0
  • Direção: 9,0
  • Entretenimento: 9,0 (conscientização ambiental)
  • Nota Final: 8,6

Planeta dos Humanos revela muitas contradições sobre a energia verde e o próprio movimento ambientalista que cresceu nas últimas décadas. Líderes ambientalistas defendem que é possível ser mais sustentável utilizando as novas energias em substituição aos combustíveis fósseis como petróleo e carvão.

Contudo, as energias verdes têm grande impacto no meio ambiente e são dependentes de recursos minerais e materiais tradicionais – aço, alumínio, concreto, carvão -, extraídos ou processados industrialmente com uso de combustíveis fósseis.

As novas energias demandam processos industriais complexos que geram grande quantidade de resíduos tóxicos lançados na atmosfera, na água e no solo. Placas solares, por exemplo, não são fabricadas com areia comum, ao contrário do que muitos pensam.

Gasta-se mais energia nesse ciclo do que o retorno obtido com a geração de energia propriamente dita pelas fontes solares, eólicas e biomassa. Essa é a principal incoerência apontada.

A matriz energética da Alemanha também é apontada como pouco sustentável, apesar de sua liderança em tecnologias ambientais. A energia gerada na Alemanha depende em mais de 95% dos combustíveis fósseis, incluindo o carvão, o petróleo, e o gás natural fornecido pela Rússia e EUA.

A sustentabilidade da indústria de veículos elétricos também é colocada em dúvida, pois a recarga das baterias em tomadas alimentadas pela rede pública de energia implica indiretamente na participação de combustíveis fósseis para a sua geração.

Moore revela sua frustração com o movimento ambiental. O show “Dia da Terra”, evento importante dos defensores do meio ambiente, é realizado com energia de grupos geradores a diesel, pois as placas solares instaladas nesses locais não têm potência suficiente para os equipamentos instalados.

Grupos financeiros apoiam as energias verdes, aportando fundos em grandes projetos de energia de biomassa, eólica e solar. O documentário expõe as contradições entre o discurso pró-ambiental e os negócios do empresário Al Gore, ex-presidente dos EUA na gestão Bill Clinton, autor do premiado filme “Uma Verdade Inconveniente” no qual ele denunciou as mudanças climáticas.

Gore e vários famosos estão “pegando carona” no negócio da energia verde. Há a “corrida ao ouro” por grandes investimentos no mercado de novas energias, muitos interesses de grandes corporações industriais e financeiras.

O documentário mostra a insatisfação e apreensão da população nos locais onde foram construídas ou serão implantados parques eólicos e solares ou usinas de biomassa. Em determinada cena, a equipe de filmagem de Moore é ameaçada pelo capataz da planta de biomassa, sendo obrigada a se retirar.

O Brasil foi mostrado como importante fornecedor de madeira e recursos minerais. Há cenas contundentes do desmatamento de florestas na Amazônia, invasão de terras indígenas e destruição do habitat de animais selvagens.

Reflexões sobre o futuro da civilização humana

O documentário estimula a reflexão sobre a sustentabilidade, muito além de rotular energias como sujas ou verdes. É preciso reduzir o consumo esbanjador de energia da civilização moderna.

Apesar de a espécie humana ter alcançado elevado nível de desenvolvimento científico e tecnológico, sua sobrevivência e perpetuação estão em risco. A destruição em escala global dos recursos naturais e da vida animal são inaceitáveis. Não há recursos suficientes no planeta para acompanhar o padrão de consumo e as energias verdes não serão a solução desse problema.

Gostando ou não das polêmicas de Moore, este documentário invoca maior conscientização sobre a importância de repensar hábitos de consumo e a perpetuação da vida no planeta. Também acende a luz vermelha para a energia verde, mostrando que ela não é tão milagrosa ou inocente como tem sido propalada por seus defensores.

Segundo Moore, a linha de equilíbrio do planeta já foi cruzada há muito tempo, sendo urgente adotar novos modelos de desenvolvimento sustentável para preservar a vida humana e a natureza.

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Crédito: GEDAF Finanças e Empreendedores, publicado em 26.04.2020, por Rone Antônio de Azevedo. Todos os direitos reservados, reprodução permitida, com citação da fonte.

AZEVEDO, Rone Antônio de. GEDAF Finanças e Empreendedores. Documentário “Planeta dos Humanos” desfaz as ilusões da energia verde e alerta sobre crise ambiental. GEDAF Finanças e Empreendedores, 2020.

Leia outras matérias sobre sustentabilidade: clique aqui.

Folding at Home: computadores pessoais auxiliam pesquisadores do coronavírus

abril 11, 2020

Você tem computador e quer ajudar nas pesquisas científicas sobre o coronavírus?

Então, poderá participar do programa Folding at Home (“Dobrável em Casa”, em livre tradução do inglês).

Mesmo se você estiver em quarentena voluntária, em regime de teletrabalho ou vida normal, dentro do possível, só precisa dispor de um computador em casa ou no trabalho. E, ainda que esteja utilizando seu equipamento de informática, também poderá participar dessa iniciativa.

A iniciativa colaborativa é simples, implica em doar o poder de processamento do seu computador pessoal para ajudar pesquisadores do Covid-19 e outras doenças.

Simulações Folding@Home

O programa Folding at Home recebe ajuda colaborativa através de compartilhamento voluntário de computadores pessoais para processamento de simulações do Covid-19 e outras doenças.

Na prática, o programa de computação distribuída permite que os computadores pessoais, dos mais fracos aos mais potentes, possam contribuir para a resolução mais rápida de problemas matemáticos de investigações científicas sobre doenças.

A computação distribuída possibilita realizar simulações de ligação entre proteínas. O programa foi lançado em 1º de outubro de 2000, sendo atualmente gerido pelo departamento de Química da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, sob a supervisão do professor de bioengenharia Vijay S. Pande.

Atualmente, o programa Folding@Home reúne o consórcio de 11 universidades em vários países que usam os dados para estudar a estrutura molecular de doenças como câncer, Alzheimer, influenza e Convid-19.

A pesquisa sobre o COVID-19 começou no início de março de 2020 e o esforço colaborativo do processamento das simulações é realizado por centenas de milhares de computadores.

O vídeo abaixo apresenta parte da simulação (executada no Folding@Home) de uma proteína onde os átomos, representados por esferas, se afastam, expondo a região na qual o medicamento avaliado pode se ligar. A abertura completa ocorre no tempo 0:23 ou 23 segundos.

Instalando o programa Folding@Home no seu computador

Acesse o site do programa Folding@Home e selecione o programa compatível com a versão do sistema operacional no seu computador (Windows 32 e 64 bits, MacOS versão 10.6 ou superior, Linux 32 e 64 bits) – clique aqui.

Basta fazer download da versão adequada do programa e instalar em seu computador. A instalação e o acesso ao programa são seguros, sendo resguardada a privacidade de dados do usuário.

Após a instalação, o usuário colaborador deverá criar uma conta simples com sua identidade ou anônimo.

Folding@Home - Identificação

Folding@Home – Identificação

No painel de controle, poderá visualizar a opção “Any disease”  (“Qualquer Doença”, em livre tradução) na lista de apoio à pesquisa – opção na lista “I support research fighting” (“Eu apoio a pesquisa com recursos computacionais”, em livre tradução).

Finalizada a instalação, o computador passará a colaborar diretamente com pesquisas sobre o novo coronavírus. O usuário poderá ajustar o poder de processamento para o programa através da escala Power no painel de controle, posicionando o marcador entre as opções Light, Medium ou Full (Leve, Médio ou Pleno).

É possível interromper temporariamente o processamento clicando no botão Stop Folding (“Suspender o Processamento”).

Folding@Home - Painel de Controle

Folding@Home – Painel de Controle

Periodicamente, o programa Folding@Home enviará os dados produzidos na máquina do usuário colaborador para o servidor central.

Resultados das pesquisas Folding at Home

A contribuição da comunidade de usuários já permitiu identificar a estrutura da proteína que constitui ponto de ligação do novo coronavírus às células humanas.

Assista a entrevista com Anton Thynnel, diretor de comunicações do programa Folding at Home, na qual ele descreve o modelo colaborativo e tira dúvidas.

O GEDAF Finanças e Empreendedores apoia a iniciativa do Folding at Home e convida a todos os assinantes e usuários a instalarem o programa nos seus computadores pessoais.


Fonte: Folding at Home, acesso em 11.04.2020.

 

Finlândia investe em educação financeira para combater endividamento

fevereiro 16, 2020

 

Finlândia investe em educação financeira para combater endividamento crescente da população. Filandeses endividados alcançam 7% no país.

Número de finlandeses endividados aumentou 30% entre 2000 e 2019, passando de 295 mil a 380 mil – ver gráfico abaixo.

Gráfico Endividamento Finlandeses (2000-2019)

Gráfico Endividamento Finlandeses (2000-2019)

Em 2019, o grupo de finlandeses que não conseguiram pagar suas contas representa 7% dos 5,5 milhões de habitantes da Finlândia. A dívida total das famílias finlandesas dobrou nas últimas duas décadas (2010-2019). Diante desse cenário, autoridades finlandesas preparam plano nacional de educação financeira para reduzir o endividamento da população.

A Finlândia está entre os países mais desenvolvidos do mundo, destacando-se por seu modelo bem sucedido de educação gratuita e universal, elevada renda per capita, políticas de igualdade social, longevidade. O país é referência em empreendedorismo, com empresas inovadoras de alta tecnologia – Nokia, Rovio (produtora do videogame Angry Birds), Sulake, Valtra, entre outras.

A Finlândia é considerada a nação com pessoas mais felizes do mundo, segundo o Relatório Anual da Felicidade das Nações Unidas, publicado em 2018.

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Mudança dos hábitos de consumo

As autoridades da Finlândia acreditam que essa situação de endividamento crescente da população é resultado da combinação da facilidade acesso ao crédito direto ao consumidor, associada a queda das taxas de juros e a substituição gradual do dinheiro por meios eletrônicos de pagamento.

As autoridades monetárias da Finlândia avaliam que a disposição de aceitar pagamentos digitais em substituição ao dinheiro desestimulou a disciplina nos hábitos de consumo da população.

Há vinte anos, o dinheiro era usado em 70% das transações de pagamento em estabelecimentos comerciais da Finlândia, com os cartões respondendo pelo restante. Agora, essas métricas mudaram: cartão, celular e outros meios de pagamento digitais são usados em mais de 80% das transações realizadas em 2018, conforme levantamento do Banco Central da Finlândia.

Os consumidores não têm mais as limitações do orçamento físico como costumavam fazer. Isso favoreceu o endividamento e dificultou o gerenciamento das finanças.

Estratégia nacional de combate ao endividamento

O governo da Finlândia investe em educação financeira a partir de ações coordenadas para impactar o sistema financeiro do país.

O Banco Central da Finlândia vai adotar medidas para reduzir o endividamento dos cidadãos. Inicialmente, a instituição vai compilar dados e analisar as melhores práticas de organizações que já trabalham com educação financeira.

O objetivo é ampliar o conhecimento e garantir que todos os grupos da sociedade recebam orientações adequadas. Por exemplo, há muitas pessoas mais velhas que precisam de ajuda para utilizar os serviços financeiros cada vez mais digitais.

Após a análise das informações, o Banco Central da Finlândia estabelecerá metas para alfabetização financeira e selecionará fornecedores terceirizados para coordenar a implementação do plano nacional a ser elaborado. A previsão das autoridades finlandesas é terminar o levantamento dos dados e apresentar o plano até o final de 2020.

Outras medidas

As regras finlandesas limitam os empréstimos à habitação a 85% do preço de compra da propriedade, e há outras restrições adicionais em análise por parte do Ministério das Finanças.

Até 2023, o governo pretende implementar seu modelo de Cadastro Positivo, com registros dos empréstimos de todos os consumidores finlandeses, visando auxiliar aos credores a avaliar se concedem novos empréstimos. As regras sobre concessão de crédito ao consumidor foram aperfeiçoadas no outono passado.

Fiel ao estilo, os finlandeses estão explorando soluções de alta tecnologia para educar os cidadãos sobre como usar seu dinheiro. Novas ferramentas baseadas em algoritmos de Inteligência Artificial ajudarão a prever o comportamento financeiro das pessoas e a fazer previsões de fluxo de caixa, além de aconselhar os consumidores sobre seus gastos.

As autoridades finlandesas estão preocupadas com o “custo humano da dívida” o qual, em casos extremos, poderá resultar no afastamento das pessoas do mercado de trabalho. Por um lado, os empregadores evitam contratar trabalhadores com histórico de crédito ruim. Por outro lado, pessoas com dívidas muito altas tendem a ter pouco estímulo em procurar trabalho.

No parlamento da Finlândia há amplo consenso de que é fundamental manter os consumidores bem informados sobre os perigos da dívida. A iniciativa das autoridades finlandesas também recebeu o apoio das empresas do setor financeiro.


Fontes:

Bloomberg. World’s Happiest People Seek Road to Financial Literacy (As pessoas mais felizes do mundo buscam o caminho da educação financeira), publicado por Kati Pohjanpalo, 9 fev. 2020.

Finlândia, Ministério das Relações Exteriores da. This is Finland (Esta é a Finlândia), 2020.

Índice DJSI avalia as empresas mais sustentáveis do mundo em 2019

setembro 18, 2019

Os resultados do Dow Jones Sustainibility Index – DJSI (Índice de Sustentabilidade Dow Jones) foram divulgados em 13 de setembro de 2019. Esse índice internacional possibilita conhecer as empresas mais sustentáveis do mundo, as líderes globais em 61 setores econômicos, considerando seu desempenho avaliado por indicadores econômicos, ambientais e sociais.

O índice internacional DJSI classifica e posiciona o ranking as empresas mais sustentáveis do mundo, as líderes globais em 61 setores econômicos, considerando os resultados do seu desempenho em relação aos seguintes indicadores e categorias:

  • Econômicos: Gestão da Cadeia de Suprimentos; Gestão da Inovação; Governança Corporativa.
  • Ambientais: Ecoeficiência Operacional; Estratégia de Baixo Carbono; Estratégia para Mudanças Climáticas.
  • Social: Saúde e Segurança Ocupacional; Atração e Retenção de Talentos; Desenvolvimento do Capital Humano.

Os responsáveis pelo elaboração e divulgação do DJSI são as entidades S&P Dow Jones Index (S&P DJI), um dos principais provedores de índices financeiros do mundo para o mercado de capitais norte-americano, juntamente com o SAM, unidade de negócios da RobecoSAM, especializada no fornecimento, classificações e benchmarking de dados ambientais, sociais e de governança – Environmental, Social and Governance (ESG).

Nenhuma empresa brasileira está posicionada entre as líderes globais de sustentabilidade.

Lista das empresas mais sustentáveis do mundo em 2019

1. Aeroespacial e Defesa: Leonardo SpA
2. Companhias aéreas: Air France – KLM
3. Alumínio: Alcoa Corp
4. Componentes automotivos: Pirelli & Co SpA
5. Automóveis: Peugeot SA
6. Bancos: Banco Santander SA
7. Bebidas: Thai Beverage PCL
8. Biotecnologia: Biogen Inc
9. Produtos para construção: Owens Corning
10. Cassinos e jogos: Star Entertainment Grp Ltd
11. Produtos químicos: PTT Global Chemical PCL
12. Carvão e combustíveis consumíveis: Banpu PCL
13. Serviços e suprimentos comerciais: Waste Management Inc
14. Equipamentos de comunicação: Cisco Systems Inc
15. Computadores e periféricos, e eletrônicos de escritório: Hewlett Packard Enterprise Co
16. Construção e engenharia: Ferrovial SA
17. Materiais de construção: Grupo Argos SA/Colombia
18. Recipientes e embalagens: BillerudKorsnas AB
19. Serviços diversificados ao consumidor: nenhuma empresa classificada
20. Serviços financeiros diversificados e mercado de capitais: UBS Group AG
21. Utilidades elétricas: Terna Rete Elettrica Nazionale SpA
22. Componentes e equipamentos elétricos: Signify NV
23. Equipamentos, instrumentos e componentes eletrônicos: Delta Electronics Inc
24. Equipamentos e serviços energéticos: Saipem SpA
25. Varejo de alimentos e grampos: CP ALL PCL
26. Produtos alimentícios: Thai Union Group PCL
27. Utilitários de gás: Naturgy Energy Group SA
28. Equipamentos e suprimentos de saúde: Abbott Laboratories
29. Prestadores de cuidados de saúde e serviços: Cigna Corp
30. Construção de casas: Sumitomo Forestry Co Ltd
31. Hotéis, resorts e linhas de cruzeiro: Hilton Worldwide Holdings Inc
32. Utilidades domésticas: Arcelik AS
33. Produtos para o lar: Colgate-Palmolive Co
34. Conglomerados industriais: SK Holdings Co Ltd
35. Seguros: Allianz SE
36. Mídia interativa, serviços e entretenimento doméstico: Alphabet Inc
37. Serviços de TI: Atos SE
38. Equipamentos e produtos de lazer e eletrônicos: LG Electronics Inc
39. Ferramentas e serviços de ciências biológicas: Agilent Technologies Inc
40. Máquinas e equipamentos elétricos: CNH Industrial NV
41. Mídia, filmes e entretenimento: Telenet Group Holding NV
42. Metais e mineração: Teck Resources Ltd
43. Concessionárias de utilidades múltiplas e água: Engie SA
44. Refino de óleo e gás e marketing: Thai Oil PCL
45. Armazenamento e transporte de petróleo e gás: Enagas SA
46. Upstream de Óleo e gás e integração: PTT Exploration & Production PCL
47. Papel e produtos florestais: UPM-Kymmene Oyj
48. Produtos pessoais: Unilever NV
49. Farmacêutica: GlaxoSmithKline PLC
50. Serviços profissionais: SGS SA
51. Imobiliária: Dexus
52. Restaurantes e instalações de lazer: Sodexo SA
53. Varejo: Wesfarmers Ltd
54. Semicondutores e equipamentos de semicondutores: ASE Technology Holding Co Ltd
55. Programas de computador: SAP SE
56. Aço: Hyundai Steel Co
57. Serviços de telecomunicações: True Corp PCL
58. Têxteis, vestuário e artigos de luxo: Moncler SpA
59. Tabaco: British American Tobacco PLC
60. Empresas de comércio e distribuidores: ITOCHU Corp
61. Transporte e infraestrutura de transporte: Royal Mail PLC

Metodologia para cálculo do DJSI

As empresas foram selecionadas de acordo com a metodologia da RobecoSAM para Avaliação de Sustentabilidade Corporativa (CSA) e os índices Dow Jones de sustentabilidade (DJSI). Os critérios de pontuação são calculados conforme as seguintes métricas:

Escore Transparência:

  • Divulgação pública sobre direitos humanos.
  • Disponibilidade de informação qualitativa ou quantitativa sobre as maiores contribuições e despesas relacionadas à sustentabilidade.

Escore Desempenho:

  • Pontuação de dados qualitativos e quantitativos baseados em limites predefinidos ou expectativas quanto à Estrutura do Conselho e Avaliação de Direitos Humanos.
  • Pontuação de tendências de desempenho da própria empresa ao longo do tempo – Ecoeficiência Operacional.
  • Pontuação linear do grupo misto – Taxa de Frequência de Lesões com Afastamento de Trabalhadores e Taxa de Turnover dos Empregados.

A Avaliação de Sustentabilidade Corporativa do SAM (CSA) é bastante abrangente quanto às práticas e desempenho das empresas. Anualmente, no mês de março, a RobecoSAM convida mais de 3.500 das maiores empresas do mundo de capital aberto para participarem globalmente da avaliação mediante o preenchimento de questionário detalhado.

Os resultados da avaliação e o índice DJSI são publicados em setembro, após a análise das respostas das empresas, complementadas por pesquisas adicionais realizadas pela RobecoSAM.

O CSA é uma das metodologias de classificação ESG mais antigas do mundo, implantada em 1999. Avalia empresas com base em 80 a 120 indicadores específicos sobre 61 setores tendo por foco as questões econômicas e financeiras, uso de matéria prima, fatores ambientais e sociais relevantes para o sucesso das empresas. O diferencial são as questões sobre assuntos pouco pesquisados em análises financeiras convencionais.

Todos os anos, o CSA passa por rigorosa revisão metodológica, a fim de garantir sua atualidade diante dos tópicos relevantes de sustentabilidade, bem como a inclusão de temas emergentes correlacionados ao longo prazo, muitas vezes de interesse para os investidores. As empresas também são desafiadas em tópicos especiais pouco divulgados.

As classificações ESG derivadas do CSA são usadas para o reequilíbrio anual do índice DJSI e a família de índices ESG S&P Dow Jones (S&P DJI). Os resultados são disponibilizados para investidores, pesquisadores e organizações não-governamentais por meio do S&P DJI e da plataforma de dados da Bloomberg

Os resultados da CSA também são usados para elaboração do Anuário de Sustentabilidade SAM, uma das mais abrangentes publicações anuais sobre sustentabilidade corporativa no mundo.

Leia também

http://157.245.167.88/forum-discute-cooperacao-para-fortalecer-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel/

http://157.245.167.88/governanca-corporativa-e-seus-efeitos-na-melhoria-da-gestao-empresarial/


Editorial GEDAF

Fonte: RobecoSAM AG, Switzerland, acesso em 17 set. 2019. Disponível em: <https://www.robecosam.com/csa/csa-resources/industry-leaders.html>.

Missão Suécia – Excursão Técnica sobre Sustentabilidade

setembro 9, 2019

O Conselho Federal de Administração (CFA) e o Regional de Santa Catarina (CRA-SC) promovem a Missão Suécia com ênfase à Sustentabilidade, excursão de negócios para administradores brasileiros conhecerem pólos industriais e diferenciais do país escandinavo: Resíduos Sólidos + Inovação + Negócios.

A excursão à Suécia acontecerá entre os dias 21 e 29 de setembro, tendo por objetivo proporcionar troca de experiências entre brasileiros e suecos.

Durante a viagem, o grupo de participantes terá oportunidade de conhecer práticas de Sustentabilidade, Inovação e Negócios, nas cidades de Estocolmo, Helsingborg (cidade referência em sustentabilidade), Gotemburg (centro industrial e de serviços), Jonkoping (polo de logística e inovação) e Norkoping (sede de usina modelo em resíduos sólidos).

Haverá visitas a empresas e pólos locais na missão Suécia, incluindo a usina de reciclagem da empresa SKF – líder mundial de plataformas de rolamentos, mecatrônica e serviços em manutenção industrial – e a empresa Volvo, multinacional produtora de carros e caminhões. Também está prevista a excursão ao Science Park de Jonkoping, onde está localizado centro de desenvolvimento de empresas, novas ideias, produtos e serviços.

De acordo a empresa organizadora do evento, as visitas contarão com tradutores para facilitar a comunicação com os suecos.

Administradores cadastrados no sistema CFA/CRAs terão 5% de desconto na compra do pacote.

Programação 

Mínimo assegurado de 07 visitas técnicas programadas, conforme a seguinte programação:

  • Sab 21/09 – Saída do Brasil
  • Dom 22/09 – Copenhagen – Dia Livre
  • Seg 23/09 – Helsinborg – Visitas técnicas
  • Ter 24/09 – Gotemburgo – Visitas Técnicas
  • Qua 25/09 – Jonkoping – Visitas Técnicas
  • Qui 26/09 – Finspangs – Visitas Técnicas
  • Qui 26/09 – Norrkoping – Visitas Técnicas
  • Sex 27/09 – Estocolmo – Visitas Técnicas
  • Sab – 28/09 – Saída para o Brasil
  • Sab – 28/09 – Chegada Brasil/Florianópolis

Serviços oferecidos no pacote (somente terrestre)

  • Hotelaria inclusa com wifi e café da manhã, em acomodação double em todas as cidades (06 diárias).
  • Seguro Viagem de USD 50 mil.
  • Tradução consecutiva em apoio a delegação.
  • Certificação Internacional.
  • Transfers IN/OUT nos aeroportos de chegada e de saída (aos optantes no vôo do grupo).
  • Trechos internos com traslados entre cidades (trem/ônibus).
  • Traslados para as visitas técnicas quando informados no roteiro final.
  • Opcional com vôos inclusos desde Florianópolis, com bagagens 1 volume de 23 kg despachado e 01 volume de 10 kg embarcado) e taxas de embarque.
  • Aplicativo exclusivo TripOrganizer com todas as informações e documentos deste grupo.

Valor do investimento

Valor por pessoa em apartamento duplo: a partir de USD 3.490 (três mil e quatrocentos e noventa dólares norte-americanos).

Consultar organizadora sobre condições diferenciadas para descontos aos associados CREA e CRA e condições de parcelamento.

Possibilidade de cotação opcional de aéreos internacionais no mesmo vôo da coordenação ou similar.

Informações adicionais (Organizadora)

  • E-MAIL: [email protected]
  • SITE: www.tripconsult.com.br
  • TELEFONE (Pré Reservas e Vendas): + 55 48 9 9649 1166
  • WHATSAPP (Vendas e Suporte): +55 48 9 9646 1122

Fonte: CFA e Tripconsult, consulta em 09.09.2019.

Livro que originou o capitalismo é leiloado por US$ 1,25 milhão

junho 14, 2019

Livro que originou o capitalismo é leiloado por US$ 1,25 milhão.

A Christie’s, empresa tradicional especializada em leilões de arte, realizou o leilão da primeira edição do Somma di Arithmetica, Geometria, Proporzioni e Proporzionalità. Essa obra-prima clássica sobre os fundamentos do capitalismo moderno foi publicada em Veneza, em novembro de 1494, pelo renomado matemático italiano Luca Pacioli (1445-1517).

Esse tipo de obra raramente é anunciada em leilões. A Christie’s pretendia negociar a primeira edição do Somma di Arithmetica por US$ 1,50 milhão. No entanto, a raridade foi arrematada em 12.06.2019 por US$ 1,215 milhão na sala Nova York. A identidade da pessoa que arrematou a obra não foi divulgada.

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O valioso modelo de negócios da startup chinesa Bytedance

março 31, 2019

O engenheiro de software Zhang Yiming, 35 anos, fundador da Bytedance, startup chinesa de tecnologia, acumulou fortuna estimada em US$ 13 bilhões. No índice de bilionários divulgado recentemente pela Bloomberg, ele é a 9ª pessoa mais rica da China. Segundo a revista Fortune, Zhang está no 70º lugar entre os maiores bilionários do mundo.

Zhang é considerado um dos mais rápidos empreendedores nos tempos modernos a acumular enorme fortuna. Ele fundou a Bytedance em 2012. Atualmente, a empresa possui mais de 1 bilhão de usuários mensais em oito aplicativos móveis, incluindo uma rede de notícias alimentada por inteligência artificial e uma plataforma de compartilhamento de vídeos. No final de 2018, a empresa foi avaliada em US$ 75 bilhões, tornando-se a startup mais valiosa do mundo.

A fortuna de Zhang é mais difícil de avaliar do que a dos fundadores de outras gigantes chinesas da tecnologia. Por um lado, a Bytedance é uma empresa de capital fechado e, portanto, não divulga informações contábeis sobre a participação societária e patrimônio líquido. Por outro lado, a Bytedance adota o sistema de propriedade difusa, denominado Eentidade de Interesse Variável (Variable Interest Entity – VIE, expressão em inglês).

A Bloomberg estimou o patrimônio líquido de Zhang considerando sua participação em 65% e o valor da empresa Bytedance igual a US$ 20 bilhões, avaliado em 2017 por especialistas no assunto. Esse resultado pressupôs que a participação de Zhang foi diluída por meio de acordos comerciais.

Apesar de a economia da China estar desacelerando, as autoridades tendem a ser mais tolerantes em relação à estrutura corporativa desenvolvida pelos magnatas da tecnologia do país. A maioria dos fundadores de grandes empresas optou por estruturar seus negócios no exterior, de forma a captar recursos de investidores estrangeiros.

Estrutura do Modelo de Negócios

A Bytedance possui uma estrutura complexa em camadas de holdings – entidades controladoras de outras empresas com poder de decisão sobre sua administração e políticas empresariais.

A empresa principal, Jinri Toutiao – pertencente a Zhang e ao vice-presidente sênior da Bytedance, Zhang Lidong – é vinculada à holding registrada em Pequim1. Zhang vendeu sua participação de 98,8% a outra empresa de Pequim, pertencente a uma companhia sediada em Hong Kong. Esta entidade, na qual Zhang é diretor, pertence a outra empresa registrada nas Ilhas Cayman. A estrutura dessa última será divulgada somente se ofertar ações em bolsa.

A Bytedance não comenta detalhes sobre a riqueza do seu fundador ou sua participação na estrutura empresarial. Acredita-se que a empresa adote o modelo VIE porque as normas chinesas limitam o investimento estrangeiro em mais de 30 setores, incluindo internet, telecomunicações e educação. A estrutura VIE permite que empresas offshore2 controlem empresas chinesas domésticas por meio de acordos. Essa forma de contornar as regras permite, por exemplo, que a holding Baidu seja sediada no exterior e oferte ações na bolsa Nasdaq dos EUA.

A gigante chinesa de internet Sina Corp. foi a pioneira no modelo VIE, transferindo receitas para uma holding offshore, a qual controla uma entidade sediada nas Ilhas Cayman que ofertou ações na bolsa Nasdaq em 2000.

Entretanto, o modelo VIE não oferece garantia de segurança aos investidores estrangeiros. Conforme as leis chinesas, qualquer contrato celebrado para fins ilegais é inválido e o governo pode suspender as operações da empresa e aplicar sanções.

Apesar das restrições legais, muitas empresas chinesas usam ou pretendem adotar o modelo VIEs para estruturar offshores visando à abertura de capital em bolsas de valores. Isso explica porque as autoridades chinesas permitem o funcionamento das empresas VIEs. No início de março, a China aprovou nova lei de investimento estrangeiro que reduz as preocupações dos investidores em relação ao futuro de tais empresas. Entre as deliberações, será permitido às VIEs ofertarem ações no novo segmento de tecnologia da bolsa de Xangai, lançado em 2019.

Notas:

[1] Informação obtida no Sistema Nacional de Divulgação de Informações de Crédito Empresarial da China.

[2] Offshore é a designação comercial para empresas e contas bancárias abertas em territórios ou países onde há menor tributação para fins lícitos. São chamadas de sociedades ou empresas extraterritoriais.


Fonte: Bloomberg. World’s Most Valuable Startup Is Home to a Complex Fortune. Acesso em 31/03/2019.

Fórum discute cooperação para desenvolvimento sustentável

março 22, 2019

Em 20 de março, na sede da Bolsa B3, em São Paulo, ocorreu o primeiro SDG Investment Forum (Fórum Global de Investimento em Desenvolvimento Sustentável, em livre tradução). O evento tinha por finalidade analisar oportunidades e desafios sobre os investimentos necessários à execução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS, bem como aproximar representantes dos setores público e privado.

Empresas e investidores se reuniram com representantes do governo brasileiro para discutir como o setor privado pode desempenhar papel importante ao combinar o valor do capital aos ODS.

A Organização das Nações Unidas – ONU estabeleceu 17 objetivos que devem ser implementados por todos os países até 2030. Estima-se que são necessários entre US$ 5 a 7 trilhões por ano para realizar a Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável para o mundo. Para compreender melhor, assista ao vídeo abaixo e leia a cartilha mostrada no final deste artigo.

https://youtu.be/j8L1CcanjT8
Agenda 2030 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ONU)

 

O encontro em São Paulo é o primeiro do mundo no seu gênero. Haverá uma série de SDG Investment Foruns em outros países. A iniciativa é baseada no trabalho de revisões nacionais voluntárias (ou Voluntary National Reviews, ou VNRs) e planejamentos nacionais para conscientizar o setor privado das oportunidades de investir nos ODS, sensibilizando o governo sobre os desafios que as empresas e investidores lidam quando se alinham às estratégias com os ODS.

É pelo trabalho conjunto de empresários e investidores que podemos fazer a diferença em avançar nos ODS e conduzir um impacto positivo.

Fiona Reynolds, CEO da Principle Responsible Investment (PRI)

O Fórum reuniu mais de 140 participantes dos setores público e privado, envolvendo representantes das Nações Unidas, sociedade civil e academia, incluindo a B3, ONU Meio Ambiente, Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (UNDESA), Pinco e Banco Itaú.

As sessões de conferência e mesas redondas foram organizadas para facilitar a abordagem regional sobre os desafios de alinhar os ODS aos interesses do setor privado. Empresas brasileiras apresentaram exemplos de aplicação dos ODS, relatando as suas próprias experiências.

Os investidores reforçaram as práticas empresariais alinhadas à agenda sustentável passaram definir os investimentos em potencial. Gavin Power, chefe de sustentabilidade da gestora de investimento Pinco, aformou que existe a “feliz oportunidade de ajudar a criar um mercado de títulos ODS. Encorajamos empresas e governos a considerar instrumentos ligados aos ODS para financiar seus objetivos sustentáveis”.

Sustentabilidade não é um custo adicional, não é um pedágio, é um investimento para melhores negócios.

João Paulo Ferreira, CEO da Natura

A principal mensagem do Fórum foi o reconhecimento de que os ODS representam uma oportunidade financeira para as empresas. “O know how empresarial é muito valioso e determinante para dar escala a boas práticas que viabilizem a economia sustentável”, comentou Niky Fabiancic, coordenador da ONU no Brasil.

Porém, para promovê-los, é preciso integrar os ODS às estratégias de negócios e aos mercados financeiros, por meio da cooperação dos setores público e privado. Segundo a presidente da Rede Brasil, Denise Hills, essa união é inadiável e envolve diálogo colaborativo sobre a sustentabilidade. A série de eventos SDG Investment Forum foi criada com esse propósito, estabelecendo bases para facilitar essa integração.

Para atingir os ODS, precisamos engajar negócios e investidores em todas as partes do mundo. Nossos fóruns regionais nutrem o diálogo colaborativo para refletir sobre o papel que o setor privado pode desempenhar ao direcionar o capital aos ODS, ajudando a inspirar ações para fechar a lacuna de financiamento. Junto ao nosso co-organizador (PRI), temos o potencial para realmente promover os Objetivos Globais em negócios locais.

Lise Kingo, CEO e Diretora Executiva do Pacto Global

Acredita-se que a iniciativa será replicada em outras regiões do mundo ao longo do ano. No final do evento, simbolicamente, houve o toque de campainha no pregão da bolsa.

Cartilha de Perguntas e Respostas dos ODS

A Cartilha de Perguntas e Respostas dos ODS pretende fornecer informações sobre o processo de adoção dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, bem como o acompanhamento da implementação da Agenda 2030. A publicação comenta os termos e definições. Clique na imagem abaixo para acessar o documento.

A Cartilha de Perguntas e Respostas dos ODS pretende fornecer informações sobre o processo de adoção dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Cartilha esclarece as principais dúvidas sobre ODS (ONU, 2015)

Sobre o Pacto Global

Iniciativa especial da Secretaria-Geral das Nações Unidas, o Pacto Global convida empresas de todos os países para alinharem suas operações e estratégias aos dez princípios universais nas áreas dos direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anti-corrupção.

Lançado em 2000, o Pacto Global orienta e apoia a comunidade global de negócios para avançarem nos objetivos da ONU por meio de práticas corporativas responsáveis. Constituído por mais de 9,5 mil empresas e 3 mil signatárias que não são empresas em mais de 160 países, e 70 redes locais, o Pacto Global é a maior associação sustentável do mundo.

Para mais informações, acompanhe o @globalcompact nas redes sociais e visite o site www.unglobalcompact.org.

Sobre os Principles for Responsible Investment (PRI)

O PRI é líder global em investimento responsável, divulgando as implicações nos negócios relativas aos fatores ambientais, sociais e governamentais, designados por ESG (Environment, Social and Governence, em inglês). Apoia as redes internacionais de investidores signatários para que eles incorporem esses fatores nos seus investimentos e decisões.

O PRI atua em interesses de longo prazo para seus signatários, nos mercados financeiros e nas economias onde eles operam. Visite o site do PRI para mais detalhes: www.unpri.org.

Sobre a Rede Brasil do Pacto Global

A Rede Brasil do Pacto Global é a terceira maior rede local do mundo, com mais de 800 membros. A entidade promove iniciativas sobre os temas Água, Comida e Agricultura, Energia e Mudanças do Clima, Direitos Humanos e Trabalho, Combate a Corrupção e Engajamento aos ODS, entre outros.

Criado em 2003, a entidade preside o Conselho de Redes Locais na América Latina e Caribe, além do Conselho Global das Redes Locais. Ocupa uma vaga no Board, instância máxima de decisão do Pacto Global, presidida pelo secretário-geral, Antônio Guterres.


Fontes:

B3. São Paulo sedia o primeiro fórum de investimento em ODS no mundo. Acesso em 22/03/2019.

ONU. Momento de ação global para as pessoas e o planeta. Acesso em 22/03/2019.